Gigantão, palco de tantas histórias, celebra seus 50 anos de inauguração
Um grande evento comemorou os 50 anos de inauguração do Ginásio de Esportes Castelo Branco, o Gigantão, e a abertura da 49ª edição dos Jogos da Primavera, na noite da última sexta-feira (11).
Os Jogos da Primavera serão disputados entre os dias 16 e 31 deste mês, reunindo 2.500 alunos de 25 escolas municipais, estaduais e particulares em competições de vôlei. As partidas serão no Ginásio Guilherme Fragoso Ferrão, o Ginásio da Pista.
Um dos maiores símbolos arquitetônicos e históricos de Araraquara, o Gigantão foi inaugurado em 11 de outubro de 1969 após grande esforço dos ex-prefeitos Rômulo Lupo e Rubens Cruz.
Quase 300 pedreiros, carpinteiros, serventes e outros profissionais trabalharam na construção do ginásio, que ficou pronto a uma semana dos Jogos Abertos do Interior daquele ano, sediados por Araraquara.
A festa dos 50 anos do Gigantão homenageou algumas dessas pessoas que foram responsáveis para a execução da obra e que contribuíram para a história do gigante do esporte de Araraquara: os engenheiros Roberto Massafera (também ex-prefeito e ex-deputado estadual), Luiz Antônio Massafera e José Henrique Albiero; o primeiro técnico de vôlei do Clube Progresso, Hélio de Mele Sene; Isabela Barsaglini e Luísa Barsaglini de França, esposa e filha de André Luiz França (in memoriam), ex-jogador de vôlei do Lupo Náutico Fundesport; e Maria Lúcia Piovan Costa, esposa de Urias Braga Costa (in memoriam), criador dos Jogos da Primavera.
O evento também teve apresentações da Banda Chiquinha Gonzaga (da Emef Henrique Scabello, do Jardim das Hortênsias), do coral da Uniara (Universidade de Araraquara), de atiradores do Tiro de Guerra, de grupos de zumba e de ginástica artística, além de uma partida festiva com veteranos dos Jogos da Primavera.
“O Gigantão é a maior marca arquitetônica de Araraquara e uma das maiores marcas da cidade. Marca é aquilo que traduz a nossa história, como a Rua 5, a Arena da Fonte Luminosa, a Estação Ferroviária, a Casa da Cultura, o Palacete das Rosas. Estou muito feliz de estar aqui. Quero agradecer a todos que trabalharam na construção do Gigantão. Que nós possamos trabalhar, agora, os próximos 50 anos do Gigantão”, afirmou o prefeito Edinho.
O vice-presidente da Câmara Municipal, Edio Lopes (PT), falando em nome do Legislativo, também deixou seus parabéns ao Gigantão. “É uma honra estar aqui presente. Tomara que o Gigantão faça mais 50 anos e sedie muitas competições de esportes ainda. Parabéns ao prefeito e a toda a população por essa festa”, disse.
Em nome dos homenageados, Roberto Massafera fez uma breve fala de agradecimento. “Parabéns, prefeito Edinho. Parabéns, Araraquara. Nós merecemos essa festa”, declarou.
Ainda estiveram no evento o vice-prefeito e secretário do Trabalho e do Desenvolvimento Econômico, Damiano Neto; os vereadores Thainara Faria (PT), Lucas Grecco (PSB) e Elias Chediek (MDB); a deputada estadual Márcia Lia (PT); o secretário de Esportes e Lazer, Everson Inforsato, o Dicão; a secretária da Educação, Clélia Mara dos Santos; a presidente da Fundesport, Milena Pavanelli; entre outras autoridades municipais.
História
Um ginásio que pudesse acolher eventos importantes era um antigo sonho da população araraquarense, que ambicionava um espaço que tivesse condições de receber competições de alto rendimento.
Em 1957, o prefeito Rômulo Lupo (1956-1959) promulgou uma lei que autorizava a captação de recursos para a construção de um ginásio de esportes. Tratou-se da primeira de muitas etapas dentro do processo de idealização do ginásio, que seria concretizado somente 12 anos depois.
Quando Benedito de Oliveira assumiu o governo da cidade (1960-1963), outros avanços ocorreram, sempre com anuência da Câmara. Porém, foi no segundo mandato de Rômulo Lupo (1964-1968) que o sonho começou a sair do papel para se tornar realidade.
Assinado pelos arquitetos araraquarenses Luiz Ernesto do Valle Gadelha e Jonas Farias, proprietários da Construtora Domo, o projeto, feito em 1966, delineava uma obra arrojada, em concreto aparente. Pietro Candreva, engenheiro, professor e mestre, fez os cálculos da estrutura de concreto armado para o vão de 60 metros (norte e sul) por 100 metros (leste e oeste).
No final de 1967, começaram o estaqueamento e as escavações do terreno. Em seguida, foram levantadas as arquibancadas. Em meados de 1968, foi iniciado o madeiramento para a cobertura.
O empresário Rubens Cruz, prefeito de Araraquara no mandato posterior (1969-1972), recebeu de Rômulo Lupo a missão de terminar o ginásio até outubro de 1969, data limite para que Araraquara pudesse sediar a 34ª edição dos Jogos Abertos do Interior.
Após contratempos no cronograma da obra, o contrato com a Construtora Domo foi rescindido e o prefeito Rubens Cruz convocou então, em abril de 1969, uma comissão técnica composta pelo arquiteto Nelson Barbieri e pelos engenheiros José Henrique Albiero e Roberto Massafera, para concluir a construção.
A responsabilidade da administração das obras ficou a cargo do engenheiro Luiz Antonio Massafera. Sob seu comando, 250 operários, entre pedreiros, eletricistas, encanadores e serventes, empenharam-se em três turnos para concluir o ginásio.
Em 5 de setembro de 1969, por meio do decreto 3251/69, ficou decidido que o espaço seria chamado de Ginásio Municipal de Esportes Castelo Branco. Todos pensaram ser uma homenagem ao ex-presidente militar Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, morto em 1967. O prefeito não desmentiu, mas o que queria mesmo era homenagear a esposa e o sogro, que tinham como sobrenome “Castelo Branco”.
O Gigantão foi inaugurado no dia 11 de outubro de 1969, uma semana antes da realização dos Jogos Abertos do Interior. As seleções masculinas e femininas de vôlei e basquete de Araraquara inauguraram oficialmente a quadra do ginásio em 16 de outubro de 1969, numa última disputa de preparação para os Jogos Abertos.
Depois da realização dos Jogos Abertos do Interior, a cidade começou a atrair importantes eventos esportivos e culturais. Em 1971, Araraquara foi uma das sedes do Campeonato Mundial Feminino de Basquete. No mesmo ano, a 1ª edição da FAIRA (Feira Agro Industrial da Região de Araraquara) instalou-se nas dependências do ginásio.
Um marco para o município se deu em 1975, oportunidade em que a cidade foi escolhida como sede para o Campeonato Sul-Americano de Basquete Juvenil. O Brasil foi campeão vencendo a Argentina num jogo com transmissão pela TV e acompanhado por 10 mil pessoas que lotaram o ginásio. A competição reuniu as seleções da Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Venezuela, revelando vários talentos, como Oscar Schmidt.
Carnavais, Jogos da Primavera, apurações das eleições, feiras, formaturas, eventos religiosos, bingos beneficentes e shows nacionais e internacionais, além de inúmeros eventos esportivos tiveram como palco o Gigantão.
Em 9 de julho de 2013, uma semana antes da realização dos 57º Jogos Regionais, o Gigantão reabriu suas portas após ampla revitalização e voltou sediar importantes disputas esportivas e eventos culturais.
Ao longo da história, passaram pelo Gigantão os jogadores Oscar Schmidt, Marcel e Guerrinha; a patinação artística dos Periquitos em Revista da Sociedade Esportiva Palmeiras; os jogadores Giovane, Tande, Marcelo Negrão e Maurício; o espetáculo Holliday On Ice; o boxeador Maguila; o maestro Ray Conniff; Os Trapalhões; e os músicos Trem da Alegria, Angélica, Raul Seixas, Ney Matogrosso, Milton Nascimento, Roupa Nova, Roberto Carlos, Simone, Gilberto Gil, Lulu Santos, Titãs, Gal Costa, RPM, Os Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Mamonas Assassinas, Chitãozinho e Xororó e Leandro e Leonardo, entre outros nomes.