O Gigante de Araraquara comemora 50 anos nesta sexta (11)
Projetado pelos engenheiros Luiz Ernesto do Valle Gadelha e Jonas Faria, a partir de 1966, para ser referência esportiva no interior paulista, o Ginásio de Esportes Castello Branco (Gigantão) ao longo de cinco décadas, que serão completadas na próxima sexta-feira (11), tornou-se o placo das emoções de Araraquara.
A solenidade terá início às 19h e haverá homenagens aos que contribuíram para execução da obra e para a história de um dos equipamentos públicos mais importantes e simbólicos da cidade. A atividade marca também a abertura da 49ª edição dos Jogos da Primavera.
Dos 202 anos da cidade, fundada em 1817, 50 podem ser contados da quadra e das arquibancadas do Gigantão com os grandes momentos do basquete, vôlei, futsal, handebol, shows musicais e de entretenimentos e até apurações de votos de eleições.
A inauguração naquele 11 de outubro de 1969, pelo então prefeito Rubens Cruz, encheu de orgulho os araraquarenses e motivou ainda mais os atletas da Comissão Central de Esportes (CCE), que se preparavam para os 34º Jogos Abertos do Interior.
Depois dos Jogos Abertos vieram o Campeonato Feminino de Basquete (1971), Campeonato Sul Americano de Basquete Juvenil Masculino (1975), campeonatos paulistas e nacionais de vôlei com a equipe Lupo Náutico (década dos anos 1990), campeonatos paulistas e nacionais de basquete (Uniara).
“Minha maior emoção no Gigantão foi narrar a vitória do Brasil na final do Campeonato Sul Americano Juvenil, diante da Argentina, para a Rádio Voz Araraquarense e em cadeia com várias rádios da América do Sul”, relata o jornalista Wilson Silveira Luiz, de 81 anos.
Paralelamente às disputas esportivas, a quadra ostentou o palco de Roberto Carlos, Milton Nascimento, Simone, RPM de Paulo Ricardo, Raul Seixas, Mamonas Assassinas, Angélica, Gal Costa, Gilberto Gil, Titãs, Roupa Nova, Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor, Beto Guedes, Guilherme Arantes, João Mineiro e Marciano, Chitãozinho e Xororó Ney Matogrosso, dentre tantos outros artistas do cenário nacional e mundial.
“Eu me recordo dos shows de Gal Costa, Simone e Milton Nascimento. Principalmente pela qualidade acústica do Milton. Antes dele, o ginásio era um desafio para os técnicos de som e isso foi superado”, recorda o aposentado Salomão Alves.
Além dos ícones da MPB, o Gigantão acolheu a patinação artística dos Periquitos em Revista da Sociedade Esportiva Palmeiras (SP), o espetáculo Holliday On Nice, a orquestra e o maestro Ray Coniff, os Trapalhões de Renato Aragão.
A economia da cidade teve parte de seu fomento no Gigantão com a primeira Feira Agroindustrial da Região de Araraquara (1971) e outras que se sucederam até a criação da atual Facira, retomada em 2017 pelo prefeito Edinho.
Em 2013, remodelado com recursos federais, estaduais e do município, o Gigantão volta às origens, ou seja, esta sempre à disposição dos atletas, inclusive com moderna academia de musculação, inaugurada em 2018.
A comemoração dos 50 anos também coroa o bom momento do esporte araraquarense, segundo o secretário Everson Miguel Inforsato, o Dicão. “Nós temos muito o que comemorar, principalmente a estrutura do Gigantão para treinamentos e competições e o conforto para o torcedor. E nossas equipes de alto rendimento disputando campeonatos paulistas e nacionais de basquete, futsal e handebol”, afirmou Dicão.
O início
A empresa Domus contratada, em 1967, pelo então prefeito Rômulo Lupo para construir o Gigantão realizou as fundações e abandonou a obra.
Lupo cumpriu seu mandato e Rubens Cruz assumiu a prefeitura no início de 1969 com a importante missão de terminar o ginásio, em nove meses, a tempo para a 34ª edição dos Jogos Abertos do Interior.
Cruz formou uma comissão técnica, com os engenheiros Roberto Massafera e José Henrique Albiero e o arquiteto Nelson Barbieri para finalizar o ginásio, que já tinha 80% do projeto concluído.
Pedreiros, carpinteiros, serventes trabalharam em três turnos para levantar o gigante de concreto armado com 60 metros de vão livre. Ao todo, mais de 300 homens se empenharam e entregaram o ginásio pronto, no dia 11 de outubro de 1969, a uma semana da abertura dos Jogos Abertos.
“Eu tenho orgulho de ter trabalhado no bate estaca na fundação do Gigantão. Foi tudo concretado de carriola, foi no braço mesmo!”, conta o aposentado Antônio Navarro, de 70 anos.